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  • quinta-feira, 8 de maio de 2008



    Não há sinal de Cláudio Arantes Marinho em seu apartamento. A polícia, que trouxe consigo sua esposa e as duas filhas, encontram tudo em seu devido lugar, excluindo a possibilidade de roubo seguido de seqüestro. A cama, inclusive, ainda preserva o contorno do corpo do bancário, dando a entender que, poucos minutos atrás, ele ainda dormia tranqüilamente. Seu desaparecimento e aparente morte, o último envolvendo acontecimentos misteriosos no imponente condomínio de dois altos edifícios na cidade do Recife, em 1958, ganha as manchetes nos meses seguintes ao ocorrido. O mistério, mesmo após a falta de interesse no caso, permanece. Pelo menos, até o escritor Osman Lins decidir contradizer o início de sua novela, justamente, nas últimas páginas.

    É exatamente o que o escritor pernambucano, nascido em 1924 na cidade de Vitória do Santo Antão, faz ao final da novela A Ilha no Espaço, integrante da coletânea Casos especiais de Osman Lins e também publicada solo em forma de livro.

    A história centra-se em dois personagens. Um deles é o já citado bancário Cláudio Arantes Marinho, um homem de idade, desgostoso com a vida. Sua mulher não nutre a mesma afeição que um dia sentiu por ele, e suas filhas transformaram-se nessas adolescentes complicadas demais para a cabeça de um pai. Quando mortes repentinas e sem causa aparente começam a acontecer no edifício Capibaribe — este o segundo protagonista da novela —, uma estranha fagulha surge no âmago de Cláudio. E que o faz questionar-se, assim como outros, o que estaria matando os moradores do lugar.

    Cláudio, já no início da novela, é apresentado como alguém que perdeu o interesse pela vida — e sente que o sentimento é recíproco. Permanecendo no edifício, ele aguarda a chegada inevitável da morte, algo pela qual parecia ansiar. Mas o mistério que irrompe nos apartamentos do Capibaribe lhe dá, gradativamente, um novo impulso, sentido de fato apenas no fim da história. Até lá, Osman Lins disseca o personagem, esmiuçando a solidão que toma, e tomava, seu ser; sentimento guardado e contido, aflorado pela situação surreal das mortes espontâneas no edifício.

    Quando o clímax é inevitável, Cláudio se resolve como personagem. Uma perspectiva vislumbrada na primeira metade do livro, durante um breve flerte do bancário com uma bela e jovem desconhecida. E é exatamente ao explicar demais os meios concretos pelos quais o protagonista trilha na conclusão, que Osman Lins desfaz o excelente final em aberto que tinha em mãos — insinuado na própria orelha do livro. Não se trata de um simples destoar, mas de um remendo mal-feito numa roupa de tecido fino. Ele fica despercebido em boa parte do tempo, até que alguém com um olhar mais apurado percebe a falha. Do mesmo modo, não há como passar imune ao final irritante de A Ilha no Espaço: você admira o belo contexto geral construído, no entanto, se decepciona com o toque de arremate dado pelo arquiteto.



    By LPL Às 15:19